domingo, 11 de maio de 2008

Sobre a necessida de sonhar.

Sonho: (lat somniu) sm 1 Representação em nossa mente de alguma coisa ou fato, enquanto dormimos. 2 Coisa imaginada, mas sem existência real no mundo dos sentidos. 3 Idéia com a qual nos orgulhamos; idéia que alimentamos; pensamento dominante que seguimos com interesse ou paixão.

Sonhar: (lat somniare) vint 1 Ter um sonho ou sonhos. vti 2 Ver (alguém ou alguma coisa) em sonho, conviver ou comunicar-se com, em sonho. vint 3 Delirar. vint 4 Entregar-se a devaneios e fantasias; idealizar. vtd e vti 5 Alimentar, pôr na imaginação. vtd 6 Adivinhar, fazer idéia de, imaginar, prever, supor, suspeitar.

Utopia: (gr ou+gr tópos+ia1) sf 1 Plano ou sonho irrealizável. 2 Fantasia (Dicionário Michaelis, 2002)

Sempre é bom, né!??!? Sonhar! Nunca conheci quem não goste. Não falo aqui do sonho da noite, durante o sono, mas do exercício lúdico de imaginar, projetar coisas que não necessariamente precisam acontecer. É um exercício extremamente prazeroso que desde muito cedo aprendemos a realizar, e bem! Chego a acreditar que os sonhos movem o mundo. O meu mundo com certeza move. O melhor do sonho, muitas vezes, é quando ele deixa o campo do imaginário e passa a habitar o concreto. É raro, mas acontece.

Acredito ser raro os casos de sonhos se transformarem em algo palpável pelo descrédito dado a quem tenta vivenciar seu sonho. A frase “fulano é um sonhador” é quase sempre usada de modo pejorativo. A racionalização do mundo e o advento da ideologia cientista criaram no mundo um ambiente hostil ao pensamento utópico, como afirma Boaventura de Souza Santos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Boaventura_de_Sousa_Santos) em seu texto “Não disparem sobre o utopista.”, de 2001. Eu diria um pouco mais. Diria que o pragmatismo adotado pela ideologia vigente impõe ao sonhador uma condição de alienado perante o resto do mundo. Acontece que por definição marxista, e de modo bem simplificado, a alienação ocorre quando o sujeito não se reconhece na atividade que exerce, o que não se aplica ao sonhador.

Acho eu que sonhar deveria ser encorajado. Acredito também que sonhos têm o poder de mudar o mundo, nem que seja apenas o seu; o que deveria ser suficiente.

Em sonhos se tem a oportunidade de ter contato com as soluções possíveis para um determinado problema, inicialmente visto como algo difícil de ser resolvido. Conseguimos observar algumas dificuldades a partir de um outro ponto de vista e fazemos algo que o mundo real muitas vezes não nos deixa realizar que é explorar e esgotar todas as possibilidades de qualquer coisa que se queira. Ainda podemos estar ao lado de quem se gosta, mesmo longe. Ou podemos voltar aos melhores momentos de nossas vidas, em muitos casos com uma “veracidade” impressionante por estarmos sendo capaz, nesse momento, de reviver as cenas com a textura do toque, o aroma do momento e o gosto do dia. Algumas pessoas podem perguntar qual a vantagem disso, já que, em alguns casos, esses fatos já fazem parte de um passado que, talvez, realmente não possa se tornar presente uma vez mais. A quem me perguntar isso eu respondo: não imagino qual seria a vantagem, mas, tenho certeza que após todo esse exercício e com a mente tomada de boas recordações amplamente exploradas nesse lúdico exercício podemos tomar um novo fôlego para encarar as agruras dos dias rotineiros e embaçados pelas necessidades de um mundo cada vez mais cinza e difícil de viver. Deixo a essas pessoas uma pergunta também: por que não se deixar sonhar? Talvez a falta do pensamento utópico seja a grande responsável pela falta de realizações tanto em âmbito pessoal quanto em escalas maiores, como a política.

Sonho pra mim, também se relaciona com esperança. Por mais ingênuo que seja realmente sonho com dias melhores para todos, com uma política mais honesta, com o fim da filosofia “farinha pouca, meu pirão primeiro”, e sonho acordado com isso. Também me esforço ao máximo para trabalhar por meus sonhos, pois vejo o mundo de hoje como a realização dos sonhos dos que passaram por esse plano antes de nós. Foram os sonhos destes que fizeram o mundo ser do modo como o vivemos hoje. E estamos deixando de sonhar. Por puro comodismo, cada vez mais pessoas estão deixando que a ciência, os políticos ou qualquer outro sei-lá-o-que façam por elas qualquer coisa que deixe o mundo um lugar mais ameno para se viver, ao invés de trabalhar por ele, trabalha-se para ele. E assim se vive os sonhos dos outros sem se dar conta e vivemos cada vez mais resignados por não vivermos os nossos.

Encerro com uma reflexão feita por Boaventura, no mesmo texto citado acima: “Não será que a morte do futuro, que hoje receamos tão profundamente, foi há muito tempo anunciada pela morte da utopia?”.

Eu nunca vou deixar de sonhar!

Um comentário:

Unknown disse...

Bela reflexão! Devo confessar q ainda ñ tinha parado pra realmente ler algo por aqui. Bom lembrar sempre, bom falar sempre...
bjs