domingo, 30 de maio de 2010

Esclarecimento a cerca da Nota de Repúdio

Creio que alguns esclarecimentos se fazem necessários a respeito do texto que publiquei de autoria do Sr. Marcos Rizzo, do Pro Cultura, no qual compactuo em diversos aspectos.
Primeiro: em momento algum, ao menos a meu ver, se teve por intenção desmerecer qualquer um dos artistas envolvidos no projeto.
Segundo: não se está acusando ninguém, muito menos a secretaria de cultura de ter feito algo que fosse ilegal. Com certeza não foi.
Mas que a ação foi equivocada, não resta dúvida.
Sabemos bem que a banda Coletivo Vix inexiste. Quero crer que ao levar uma banda que não existe para a França tenha sido uma inocente tentativa de alcançar uma espécie de representatividade da cena capixaba, sem que com isso se beneficiasse essa(e) ou aquela(e) banda/artista, o que não ocorreu, principalmente pelo repertório escolhido.
Quem esteve presente no primeiro evento, na Rua da Lama, deve se lembrar que a banda de Dunquerque em nada teve a ver com a conhecida chanson francesa, não cantaram Edith Piaf. Era uma banda que veio ao Brasil trazendo sua produção, que é contemporânea. Uma banda de rock “alternativo”.
Não quero com isso dizer que deveríamos levar uma banda de rock. Claro que não. Mas, aproveitando e meio respondendo ao Sr. Tarcisio, poderíamos ter levado Jully Vitória e Banda, apresentando o espetáculo de seu disco, não uma banda inventada, na qual ela abre mão de sua carreira para se tornar crooner de canções já amplamente difundidas, reconhecidamente brasileiras, sim, mas que não agregam a nós capixabas. Totalmente diferente de uma tour com a Jully, essa sim, artista, com histórico pregresso, independente de tocar em bares ou não, mas uma artista que podemos saber onde anda. Coletivo Vix não.
Uso aqui a Jully como exemplo, com todo respeito do mundo, pelo posicionamento de seu produtor.
Existe nesse questionamento uma questão simbólica muito grande e que não deve ser ignorada por leituras passionais do texto. Estamos diante de uma ação cara e sem nenhum potencial multiplicador. É sabido que temos diversos artistas no ES que mantém, com muito, mas muito esforço uma AGENDA de shows no exterior a anos. Não são shows eventuais, é uma AGENDA, que só eles sabem o quanto custa manter, pois especificamente a Prefeitura de Vitória não apóia essas ações por não ter em sua lei municipal de cultura dispositivos para tanto. O que nos leva a questionar também se já não está em tempo de rediscuti-la.
Respondendo ao companheiro João Bani que publicou um comentário, membro do Fórum Nacional de Música e militante importantíssimo das questões pertinentes à música, minhas sinceras desculpas. Talvez pelo desconhecimento da cena local esse texto (que não é de minha autoria) tenha passado essa impressão, mas posso lhe garantir que não se trata de preconceito, caso contrário não o teria publicado. Afinal, defendemos as mesmas bandeiras do Fórum, companheiro.
Ao Tarcísio, talvez o que lhe tenha faltado foi serenidade ao ler o que foi publicado. Independente de certo ou errado esse é um assunto relevante, uso de dinheiro público, que nós agentes culturais, em qualquer instância temos por obrigação discutir. Se realmente acha que a ação ocorrida foi pertinente, em acordo com todas discussões e pactos estabelecidos entre os agentes representantes da sociedade civil, MinC e FUNARTE, previstos no Plano Nacional de Cultura, recomendo um tanto mais de empenho de sua parte, você realmente desconhece tudo o que é discutido nas esferas de representação cultural, proposto e fomentado no país.
Sem mais no momento.
Marcio Xavier

Resposta de Manoel Neto a Rede Bandeirantes

Editorial Band

O que segue nesse editorial é totalmente contrario a toda mobilização nacional que vem ocorrendo no país e que tem tido resultados extremamente positivos no que diz respeito a construção de políticas públicas de estado (que é diferente de políticas de governo) e organização da cultura como setor produtivo e econômicamente participativo.
Abaixo segue resposta de Manoel José de Souza Neto, cientista político, escritor, pensador, membro do Fórum Paranaense de Música, membro do Fórum Nacional de Música, representante do Paraná no Colegiado Setorial de Música e membro do Conselho Nacional de Políticas Culturais, todos como representante da sociedade civil.

Carta em resposta a Joelmir Betting.

Joelmir, te vi falando um monte de besteiras em nome do Grupo Bandeirantes de Comunicação, criticando o Plano Nacional de Direitos Humanos e o Plano Nacional de Cultura.

O Plano Nacional de Cultura é uma das poucas chances que o Brasil tem para deixar de ser um país ignorante e dominado por interesses corporativos do mundo publicitário que transforma cidadãos em meros consumidores.

Trazer a luz a cultura brasileira é impedir que grandes veículos dominem a comunicação que pela constituição tem finalidade educativa e cultural.
A comunicação de uma sociedade pertence aos interesses da população e não a liberdade de expressão do dono do veiculo.
A minha liberdade não esta garantida toda vez que um jornalista como você Joelmir Betting apresenta um editorial na Band tentando dizer que o Plano Nacional de Cultura fere a constituição. Sem porem citar o artigo constitucional.
Pois em resposta a Band e ao Joelmir, eu respondo essa questão a população, já que não faz questão, eu faço. Os tais textos legais que a Band diz que estes planos estão brincando são os princípios constitucionais 221 e 223 que vocês não querem seguir. Pois estão no plano e isso incomoda vocês, por tratar da garantia constitucional de conselhos civis eleitos pela população que possam controlar se o veiculo esta passando lixo enlatado americano.
Tratam de garantir a finalidade educativa da TV.
Tratam da garantia da diversidade cultural e da divulgação das culturas regionais, tradições e artistas independentes.
A constituição já garante isso, mas a Band tenta impedir a regulamentação destes princípios, pois se forem regulamentados terão que abrir espaço a cultura de todo o Brasil e não apenas das produções de cinema e música de grandes companhias americanas.
A Band não poderá mais ganhar Jabá pra tocar musica de gravadoras multinacionais. A Band terá que me dar o direito de resposta por ter mentido no ar. Isso é o que eles tentam comparar com perda de liberdade de expressão. Nada tem haver com liberdade de expressão. Tem haver com liberdade de expressão total, garantida a toda a população e isso eles não querem. Pois não querem garantir a nossa liberdade de expressão enquanto cidadãos.
Rádios e TVs são serviços públicos e os sinais pertencem a união. Logo nos pertencem.
Mas a Band, acha que a liberdade de expressão deles é o direito a transmitir uma programação alienante e de voltar a programação inteira ao mundo publicitário.
Liberdade de expressão é uma garantia da constituição também, mas não existe nos textos que eles acusam de anti-democráticos uma linha dizendo isso. Mas para eles existe sim liberdade do mundo publicitário vender o que quiser, do jornalismo da Band falar o que bem entender, mas não garantem ao cidadão espaço para sua opinião, nem direito a resposta.
Não garantem a cultura de cada região o justo espaço de difusão, concentrando retransmissoras com a mesma programação. Onde fica a cultura regional? Onde esta a educação, finalidade pétrea da comunicação na lei 52795/1963 capitulo II artigo 3 e capitulo IV, seção II artigo 12???
Vivemos em uma sociedade em que a mídia opera no sentido de cima pra baixo sem direito a resposta, isso é falta de liberdade de expressão.
Chega de direitos empresariais e econômicos sobreporem o direito a existência humana!
A BAND é no mínimo autoritária e Joelmir Betting mente!!! Por isso viva a internet! E viva tudo que for em prol dos direitos humano e da cultura!

Plano Nacional de Cultura é fundamental pro Brasil ter cultura independentemente se o governo for PT, PV, PMDB, DEM ou PSDB. Eu sou a favor da cultura, e você? Prefere os enlatados americanos da BAND?
Segue o plano nacional de cultura, texto integral:
http://www.cdp.ufpr.br/ucap/anexos/organizacao_de_eventos/parte02/sistema_nacional_cultural/plano_nascional_de_cultura/primeiro_caderno_sobre_pnc.pdf

Manoel José de Souza Neto
Membro do colegiado setorial de música
www.forumdemusica.blogspot.com

sábado, 22 de maio de 2010

Vitória!?!?!?

Nota postada na Rede Música Brasil, grupo de discussão virtual e que agrega os mais importantes articuladores da nova cena musical nacional.

NOTA DE REPUDIO

A Pro Cultura, iniciativa que visa a transparência da politica
cultural adotada nos municípios do Estado do Espirito Santo, vem a
público formalizar veemente REPUDIO a ação executada pelo Sr.
Secretario Municipal de Cultura de Vitoria-ES, Sr. Alcione Pinheiro,
no projeto COLETIVO VIX.

O Projeto COLETIVO VIX, consiste na formação de um grupo de “artistas”
capixabas formados por integrantes da banda de Congo Amores da Lua, e
mais alguns *músicos da noite que atuam na grande Vitoria, enviados a
cidade de Dunkerque na França para apresentação artística naquela
cidade com verba publica no valor de R$140.982,00 (Cento e Quarenta
mil e Novecentos e oitenta e dois Reais).

•       Entende-se por Musicos da Noite, aqueles músicos que se apresentam
nos bares da cidade, sem trabalho autoral lançado, e sem historico
artístico comprovado. (Sem desmerecer o trabalho destes
profissionais…)

Segue abaixo algumas duvidas e esclarecimentos que nos levaram a
REPUDIAR VEEMENTEMENTE esta ação.

1.      Segundo informações obtidas no mercado do ES, além da amizade
pessoal com o Sr. Secretario de Cultura da prefeitura de Vitoria, NÃO
HOUVE critério formal na escolha/curadoria dos artistas selecionados
para esta ação. Pouco se conhece sobre o histórico profissional dos
“artistas convidados”, Não houve abertura de edital, Não houve
convocação publica, Não houve qualquer chamamento público, como
deveria ser, levando em conta o volume do DINHEIRO PUBLICO investido.

2.      R$ 140.982,00, equivale a SOMA da verba disponibilizada durante
aproximadamente 10 MESES, (ISTO MESMO, DEZ MESES), pelo edital de
Intercambio da SECRETARIA ESTADUAL DE CULTURA DO ESPIRITO SANTO,
através de um EDITAL LIMPO, TRANSPARENTE que permite a todos os
artistas do estado concorrerem com igualdade.
Com esta verba, o Município poderia inclusive, criar um mecanismo
municipal de incentivo como o do estado.

3.      Porque a formalização e repasse dos recursos públicos foi realizado
com uma instituição QUE NÃO ATUA NA AREA CULTURAL? (ADETUR)

4.      As Associações de Bandas de Congo do Município, as Cooperativas
Culturais do ES, Produtores, Agentes ou ALGUM INDIVIDUO ligado a
cadeia Produtiva da Musica do ES foi consultado? Pelo que sabemos,
NÃO! Foi uma escolha a dedo feita pelo Sr. Secretario. (Caso não seja
verdade, por favor, o profissional que participou se manifeste.)

5.      QUAL o retorno que esta ação terá para a Cultura do ES?

6.      Qual será o desdobramento desta ação? Uma vez que o Sr. Secretario
levou uma banda que NÃO EXISTE?

7.      QUEM REALMENTE SE BENIFICIARÀ (ou já se beneficiou) COM ESTA AÇÃO?

8.      COMO FORAM USADOS OS R$ 140.982,00 (CENTO E QUARENTA MIL e
NOVECENTOS E OITENTA E DOIS REAIS) gastos para levar um grupo de 14
ilustres DESCONHECIDOS para passar 6 dias na FRANÇA, sabendo que a PMV
tem parceria com a cidade de DUNQUERQUE, ou seja Hospedagem,
alimentação, técnica, etc. serão pagos pela prefeitura de DUNQUERQUE.
(Publicação do Empenho veiculado em A Tribuna no dia 06/05/2010 em
anexo)

Segundo matéria publicada no Jornal A GAZETA do ES, e em alguns
portais de cultura, o grupo prometeu não deixar os Franceses parados,
e que para isto PREPARARAM UM REPERTÓRIO ESPECIAL, SÓ COM OS CLÁSSICOS
DE JORGE BEN; VINICIUS; LUIZ GONZAGA, entre outros..
_”Canções como "Noites Cariocas", "Brasileirinho", "Garota de
Ipanema", "Só Quero um Xodó" e "Mas que Nada" fazem parte do
repertório do Coletivo.Vix”
                                                               FONTE  SITE DA PMV

Voltamos a perguntar, agora ao Exmo Sr.Prefeito João Coser:

9.      O QUE JUSTIFICA GASTAR R$ 140.982,00 para levar uma BANDA COVER E
QUE NÃO EXISTE para a França? Como isto irá dar algum retorno para
quem foi, e principalmente, para a CULTURA DO ES?

10.     Segundo o Convenio, o motivo é promover a cultura de Congo da
cidade de Vitoria... ENTAO QUAL O MOTIVO DE MUSICOS DE BARZINHO
TOCANDO JORGE BEN JOR , VINICIOS E ETC...???

1.      Será que não existe em Vitoria, ES bandas AUTORAIS de qualidade que
poderiam estar representando o Município na França? Ou isto não é
importante para a Secretaria de cultura?

2.      Não caberia a Secretaria de Cultura FOMENTAR a produção local ao
invés de incentivar o trabalho “COVER”?

3.      E Finalmente minha ULTIMA PERGUNTA:
ISTO VAI FICAR ASSIM MESMO???
Ou o Exmo. Sr Prefeito de Vitoria, o Tribunal de contas, o Ministério
Publico, Conselhos de Cultura Estaduais e Municipais, Srs Vereadores,
Músicos, OMB, Cooperativas, Associações e entidades que promovem a
verdadeira cultura do ES irão se posicionar a respeito, dando um BASTA
a atitudes como esta que visam simplesmente o interesse próprio de
alguns “nadas” que ocupam cargos públicos?

 ISTO É UM ABUSO DE PODER, DESCASO COM A OPINIÃO PÚBLICA, DESCASO COM
A CULTURA. UM ROUBO! É UMA OFENSA DIRETA A AQUELES QUE TRABALHAM DURO
E LUTAM DIARIAMENTE PELO SEU LUGAR AO SOL. LUTAM PELO RECONHECIMENTO
DE SEU TRABALHO (VERDADEIRO E ORIGINAL) POR UMA VIDA DIGNA ATRAVÉS DE
UM TRABALHO SERIO.

Sinceramente Senhores, açoes como esta envergonham não só a classe
artística do Espírito Santo, mas também a classe política, que pactua
com indivíduos e atitudes como esta.

PS1: POR R$140.982,00 podemos contratar o PROPRIO JORGE BEN para uma
tourne na Europa, inclusive pagando-lhes ACIMA DE SEU CACHE, ou no
mínimo 5 grupos AUTORAIS, com trabalhos lançados de prestigio e
qualidade COMPROVADA no cenário local, e que inclusive, (sobre)VIVEM
DE SEU TRABALHO.

Abraços

M.S. Rizzo
Pro Cultura
pro_cultura@hotmail.com