Creio que alguns esclarecimentos se fazem necessários a respeito do texto que publiquei de autoria do Sr. Marcos Rizzo, do Pro Cultura, no qual compactuo em diversos aspectos.
Primeiro: em momento algum, ao menos a meu ver, se teve por intenção desmerecer qualquer um dos artistas envolvidos no projeto.
Segundo: não se está acusando ninguém, muito menos a secretaria de cultura de ter feito algo que fosse ilegal. Com certeza não foi.
Mas que a ação foi equivocada, não resta dúvida.
Sabemos bem que a banda Coletivo Vix inexiste. Quero crer que ao levar uma banda que não existe para a França tenha sido uma inocente tentativa de alcançar uma espécie de representatividade da cena capixaba, sem que com isso se beneficiasse essa(e) ou aquela(e) banda/artista, o que não ocorreu, principalmente pelo repertório escolhido.
Quem esteve presente no primeiro evento, na Rua da Lama, deve se lembrar que a banda de Dunquerque em nada teve a ver com a conhecida chanson francesa, não cantaram Edith Piaf. Era uma banda que veio ao Brasil trazendo sua produção, que é contemporânea. Uma banda de rock “alternativo”.
Não quero com isso dizer que deveríamos levar uma banda de rock. Claro que não. Mas, aproveitando e meio respondendo ao Sr. Tarcisio, poderíamos ter levado Jully Vitória e Banda, apresentando o espetáculo de seu disco, não uma banda inventada, na qual ela abre mão de sua carreira para se tornar crooner de canções já amplamente difundidas, reconhecidamente brasileiras, sim, mas que não agregam a nós capixabas. Totalmente diferente de uma tour com a Jully, essa sim, artista, com histórico pregresso, independente de tocar em bares ou não, mas uma artista que podemos saber onde anda. Coletivo Vix não.
Uso aqui a Jully como exemplo, com todo respeito do mundo, pelo posicionamento de seu produtor.
Existe nesse questionamento uma questão simbólica muito grande e que não deve ser ignorada por leituras passionais do texto. Estamos diante de uma ação cara e sem nenhum potencial multiplicador. É sabido que temos diversos artistas no ES que mantém, com muito, mas muito esforço uma AGENDA de shows no exterior a anos. Não são shows eventuais, é uma AGENDA, que só eles sabem o quanto custa manter, pois especificamente a Prefeitura de Vitória não apóia essas ações por não ter em sua lei municipal de cultura dispositivos para tanto. O que nos leva a questionar também se já não está em tempo de rediscuti-la.
Respondendo ao companheiro João Bani que publicou um comentário, membro do Fórum Nacional de Música e militante importantíssimo das questões pertinentes à música, minhas sinceras desculpas. Talvez pelo desconhecimento da cena local esse texto (que não é de minha autoria) tenha passado essa impressão, mas posso lhe garantir que não se trata de preconceito, caso contrário não o teria publicado. Afinal, defendemos as mesmas bandeiras do Fórum, companheiro.
Ao Tarcísio, talvez o que lhe tenha faltado foi serenidade ao ler o que foi publicado. Independente de certo ou errado esse é um assunto relevante, uso de dinheiro público, que nós agentes culturais, em qualquer instância temos por obrigação discutir. Se realmente acha que a ação ocorrida foi pertinente, em acordo com todas discussões e pactos estabelecidos entre os agentes representantes da sociedade civil, MinC e FUNARTE, previstos no Plano Nacional de Cultura, recomendo um tanto mais de empenho de sua parte, você realmente desconhece tudo o que é discutido nas esferas de representação cultural, proposto e fomentado no país.
Sem mais no momento.
Marcio Xavier