sábado, 16 de outubro de 2010

Texto atribuido a Ferreira Goulart

Esse texto foi descaradamente copiado e colado, extraido do blog do Leo Jaime.
O Leo é um cara bacana, artista militante, antenado, sarcástico e bem humorado. Ë o mesmo Leo Jaime dos anos 80, hoje com bem mais de 40 anos, acima do peso, mas que continua na lida, fazendo sua música, ciente do que construiu e trabalhando em prol, através de suas provocações, de um espaço democratico para a arte.
Vale muito a pena acompanha-lo.
Sobre o texto, de fácil entendimento, fica a reflexão proposta nos últimos parágrafos, que efetivamente é o que me movimenta no atual pleito, pois apesar de ser simpático ao partido, não sou simpático ao candidato.
Vamos ao texto!

Faz muitos anos já que não pertenço a nenhum partido político,  muito embora me preocupe todo o tempo com os problemas do país e, na  medida do possível, procuro contribuir para o entendimento do que ocorre.  Em função disso, formulo opiniões sobre os políticos e os  partidos, buscando sempre examinar os fatos com objetividade.  Minha história com o PT é indicativa desse esforço por ver as  coisas objetivamente. Na época em que se discutia o nasciemento desse  novo   partido, alguns companheiros do Partido Comunista  opunham-se   drasticamente à sua criação, enquanto eu argumentava a favor,  por  considerar positivo um novo partido de trabalhadores. Alegava eu  que, se nós, comunas, não havíamos conseguido ganhar a adesão da  classe operária, devíamos apoiar o novo partido que pretendia fazê-lo e,  quem sabe, o conseguiria. Lembro-me do entusiasmo de Mário Pedrosa por Lula, em quem via  o renascer da luta proletária, paixão de sua juventude. Durante  a campanha pela Frente Ampla, numa reunião no Teatro Casa Grande,  pela primeira vez pude ver e ouvir Lula discursar.Não gostei muito do tom raivoso do seu discurso e, especialmente,  por ter acusado "essa gente de Ipanema" de dar força à ditadura  militar, quando os organizadores daquela manifestação (como grande parte  da intelectualidade que lutava contra o regime militar) ou moravam  em Ipanema ou frequentavam sua praia e seus bares. Pouco depois,  o torneiro mecânico do ABC passou a namorar uma jovem senhora da  alta burguesia carioca.
Não foi isso, porém, que me fez mudar de opinião sobre o PT, mas o  que veio depois: negar-se a assinar a Constituição de 1988,  opor-se ferozmente a todos os governos que se seguiram ao fim da ditadura  (o de Sarney, o de Collor, o de Itamar e o de FHC). Os poucos  petistas que votaram pela eleição de Tancredo foram punidos. Erundina, por  ter aceito o convite de Itamar para integrar seu ministério, foi  expulsa.Durante o governo FHC, a coisa se tornou ainda pior: Lula denunciou  o Plano Real como uma mera jogada eleitoreira e orientou seu  partido para votar contra todas as propostas que introduziam  importantes mudanças na vida do país. Os petistas votaram contra a Lei  de Responsabilidade Fiscal e, ao perderem no Congresso, entraram com  uma ação no Supremo Tribunal Federal a fim de anulá-la. As  privatizações foram satanizadas, inclusive a da Telefônica, graças à qual hoje  todo cidadão brasileiro possui telefone. E tudo isso em nome de  um esquerdismo vazio e ultrapassado, já que programa de governo o  PT nunca teve.
Ao chegar à presidência da República, Lula adotou os programas  contra os quais batalhara anos a fio. Não obstante, para espanto meu e  de muita gente, conquistou enorme popularidade e agora, ameaça  eleger para governar o país uma senhora, até bem pouco desconhecida de  todos, que nada realizou ao longo de sua obscura carreira  política. No polo oposto da disputa está José Serra, homem público, de  todos conhecido por seu desempenho ao longo das décadas e por  capacidade realizadora comprovada. Enquanto ele apresenta ao eleitor uma  ampla lista de realizações indiscutivelmente importantes, no plano  da educação, da saúde, da ampliação dos direitos do trabalhador e  da cidadania, Dilma nada tem a mostrar, uma vez que sua candidatura é  tão simplesmente uma invenção do presidente Lula, que a tirou da  cartola, como ilusionista de circo que sabe muito bem enganar a  plateia.
A possibilidade da eleição dela é bastante preocupante, porque seria  a vitória da demagogia e da farsa sobre a competê ncia e a dedicação  à coisa pública. Foi Serra quem introduziu no Brasil o  medicamento genérico; tornou amplo e efetivo o tratamento das pessoas  contaminadas pelo vírus da Aids, o que lhe valeu o reconhecimento  internacional.
Suas realizações, como prefeito e governador, são provas de indiscutível competência. E Dilma, o que a habilita a exercer  a Presidência da República? Nada, a não ser a palavra de Lula, que,  por razões óbvias, não merece crédito.
O povo nem sempre acerta. Por duas vezes, o Brasil elegeu  presidentes surgidos do nada (Jânio e Collor). O resultado foi  desastroso.
Você acha que vale a pena correr de novo esse risco?

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