MARCHA DA LIBERDADE EM VITÓRIA - ES
Liberdade de expressão, numa democracia, supõe o direito de falar e de ouvir. Supõe o diálogo e o entendimento, a opinião, a discordância, a crítica, o protesto, a reivindicação, a sugestão, a proposta. Pressupõe um Estado onde os agentes sejam iguais e tenham igual voz e representatividade, independente de cor, gênero, idade, profissão, credo, classe social.
Liberdade de expressão é um direito e um dever de nossa geração. Uma obrigação histórica nos impulsiona a lutar por essa causa que já foi conquistada e reconquistada outras vezes, por nossos pais e nossos avós. É a inconformidade com o anacronismo dos últimos episódios que presenciamos no Espírito Santo e no Brasil que nos motiva a aderir a esse movimento nacional pela Marcha da Liberdade.
Já se passaram muitos anos, mas a sombra de uma ditadura ainda pesa em certas instituições e os imperdoáveis princípios que regiam aquela época insistem em retornar em atitudes conservadoras e abusivas do estado. No Espírito Santo, a falta de diálogo do poder público chegou ao limite. Há pouco mais de um mês moradores de uma ocupação em Barra do Riacho - Aracruz, foram desalojados por uma manobra desumana do governo local, causando morte e deixando mais de 300 famílias sem teto. No dia 2 de junho assistimos à covarde atuação do mesmo Batalhão de Missões Especiais (BME) ao intervir com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha em uma manifestação de estudantes que clamavam pela melhoria do transporte público em Vitória.
Na Marcha Nacional da Liberdade projetamos um movimento pacífico e criativo, na esperança de um Estado mais justo e que veja nossas reivindicações como um ato democrático e constitucional. Porque toda vez que um cidadão se mobiliza por uma causa significa uma vitória da democracia; a confirmação de uma sociedade que deu certo dentro dos princípios da liberdade e autonomia. E toda vez que o povo se une nas ruas, abrindo mão de suas individualidades por uma luta coletiva, eis a redenção de todos os anos de chumbo que historicamente sofremos repressão.
É preciso que os governantes e autoridades entendam que ouvir as demandas do povo é um dever. E é preciso que o povo, todo cidadão, criança, adulto, homem, mulher, aposentado, cadeirante; é preciso que todos entendam que é preciso ir às ruas e dizer o que se pensa. E, sobretudo, é preciso entender que ruas, praças, espaços públicos, são o nosso campo de batalha onde colocamos o nosso discurso.
Não somos um partido; não somos uma religião. Somos um movimento de movimentos que tem como pauta unificada a manutenção de um Estado que nos garante o direito do livre pensamento, da livre manifestação e organização política e social. Não cabe mais aceitar as injustiças que compõem o nosso cotidiano, que agride a nossa constituição e o nosso direito primário de sermos quem nós somos e vivermos em harmonia e respeito nessa sociedade.
É pela consciência de ainda vivermos em uma redoma invisível, aprisionados dentro de nossos preconceitos, que convocamos todos aqueles que dizem não à violência, não ao preconceito, ao conservadorismo e a intolerância do Estado. Estamos reunidos porque somos a favor do diálogo e da manutenção de uma sociedade consciente de seus direitos e deveres. E por isso vamos às ruas. Porque lutar pelos nossos direitos não é crime. Porque manifestar suas insatisfações com um sistema político hipócrita que oprime seus cidadãos é um direito de todos. Vamos à luta de maneira pacífica e constitucional, convocando cada cidadão capixaba que preze pelo respeito e, prioritariamente, pela liberdade que nos é garantida por lei.
Em casa, somos um. Juntos, somos todos!
Princípios do movimento:
- Liberdade de organização e expressão;
- Contra a repressão e a violência policial em qualquer âmbito da sociedade;
- Contra o conservadorismo que pauta o judiciário e o Estado.
Reivindicação geral:
- Regulamentação que proíba o uso de armamentos pela polícia em manifestações sociais.
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